Muito bom acompanhar o nascimento de um escritor, ver alguém vencer as barreiras e dividir seus pensamentos com o outro.
Dia desses tive a grata surpresa de receber o primeiro livro do meu sobrinho Matheus. Ele tem 10 anos e escreveu o livro como projeto da escola, mas as ideias dele me surpreenderam, uma noção sobre a vida que eu não tinha nessa idade. Não sei se ele vai seguir carreira, mas é bacana acompanhar o nascimento de uma ideia, participar de um momento tão bacana na vida de alguém.
Não sei precisar quando surgiu em mim a vontade de escrever, me lembro que mesmo antes de ser alfabetizada eu contava estórias baseadas nas figuras que via nos livros. Acho que logo que aprendi a ler a escritora (permitam-me essa pequena pretensão) que pulsava dentro de mim ganhou vida.
Desde muito cedo já colecionava diários e na escola tudo relativo a escrita me chamava a atenção, fui jornalista, historiadora, enfim, se era para contar uma estória lá estava eu.
Quando o mundo dos blogs começou não tive dúvidas que aquela seria a minha via para mostrar as pessoas as coisas que escrevo. No começo foi difícil porque para mim escrever sempre foi expor meus sentimentos e nos meus textos me via vulnerável, então comecei a desenvolver um jeito de dizer sem querer dizer, de me mostrar sem revelar demais. Houve um tempo que comecei a considerar a exposição muito grande e cogitei e ideia de parar de escrever em público (afinal é meio isso que acontece quando a gente publica as coisas num blog). Só consegui superar essa fase quando assisti a uma entrevista de Marta Medeiros em que ela dizia que seus textos sempre traziam algo da sua experiência, mesmo que fosse ficção era impossível dissociar a pessoa escritora da persona que habitava os textos.
Foi a partir dessa entrevista que relaxei e percebi que a minha essência sempre estaria naquilo que eu escrevesse.
Não sou uma escritora reconhecida como a Marta ou outras tantas que admiro, mas no meu mundinho tenho aquelas pessoas que admiram as coisas que escrevo, tenho o amigo que se diz siderado nas coisas que escrevo e a amiga que sempre quer saber qual a ideia original, o que me moveu. Outro dia recebi um email dessa amiga, pedindo que eu "esmagasse com palavras as entrelinhas" porque ela estava curiosa e queria saber o porque do porque... Acho divertido e lisonjeiro porque sempre quis conversar com meus autores favoritos e fazer as mesmas perguntas que ela me faz.
Essa semana tive uma surpresa boa, o amigo, aquele siderado nas coisas que escrevo, resolveu me mandar um texto seu, naquele momento fiquei muito feliz porque lá estava eu, mais uma vez, acompanhando o nascimento de um escritor. O texto, recheado de um humor cortante, contava a história do seu nascimento e a presença de um anjo roto e mal trapilho... A escrita dele é tão boa que espero que não lhe falte inspiração e que, em breve, mais gente possa se deliciar com as estórias contadas por ele.
Quanto a mim, só me resta agradecer, quem sabe ao anjo roto e mal trapilho, por ter trazido ao mundo mais um excelente escritor e ter feito dele meu amigo...