Quem nunca utilizou um clichê para definir algo comum?
Os clichês, geralmente, são frases de efeito que resumem aquilo que sabemos, mas escolhemos não perceber. Acho que eles servem para nos lembrar outra máxima do dia a dia, a de que a vida está nos pequenos detalhes.
A vida é um mistério sem critério.
A princípio parece uma conclusão filosófica, mas é mais simples que isso.
A vida é a arte de não revelar todas as coisas, de não dizer todos os detalhes, de não explicar todos os desejos, de não contar todos os segredos.
Penso que é esse ar de mistério que impulsiona a vida, que nos faz querer a próxima conversa, ler as próximas linhas, ver o próximo programa ou, simplesmente, assistir a continuação de um filme.
Não há nada muito elaborado, mas por ser uma arte é necessário certo cuidado para manter a atenção. É mais ou menos como um diretor editando um filme, ele precisa ter delicadeza e sensibilidade para escolher o corte certo e colocar tudo numa sequência que mantenha o expectador ávido em saber o que virá.
Quantas vezes você já se pegou pensando se a sequência escolhida para a próxima cena do capítulo da sua vida era a mais adequada? Se ela seria capaz de manter o interesse do seu expectador? Quantas vezes você já parou para pensar se há na sua vida algum expectador?
Agora eu poderia dizer algo bem clichê, como por exemplo, de que você é o grande expectador da sua vida. Mas isso parece mais uma grande baboseira tirada de um livro de auto ajuda. Afinal, ninguém é uma ilha para viver só. E por não quererermos viver sós é que amamos, escrevemos em blogs, damos telefonemas.
Se o critério da vida é ser mistério concluo que a vida da vida está na clareza das entrelinhas, na percepção de que o silêncio diz mais que as palavras e de que, até os melhores diretores tem seus fracassos de bilheteria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário