quinta-feira, abril 19, 2012

Sessão Cinema - Mutum


É um lugar bonito, entre morro e morro, com muita pedreira e muito mato, distante de qualquer parte... Guimarães Rosa

Familiar, assim soou Mutum, mas essa sensação não se deve só a magnífica fotografia, a exuberância da paisagem do sertão e ao modo peculiar de falar dos sertanejos. A verdade é que esses elementos, somados a sensível direção de Sandra Kogut e a belíssima interpretação de Thiago me fizeram lembrar que “o sertão é o mundo e, contraditoriamente, cabe dentro da gente”.
O filme é inspirado na obra Campo Geral de Guimarães Rosa, digo isso porque não se trata de uma adaptação propriamente dita, Sandra Kogut deu ao roteiro uma liberdade que permitiu aos atores, especialmente a Thiago, que a história fosse contada nos termos do sertão atual. E por conta dessa atitude, um tanto arriscada, é verdade, Mutum se transformou numa obra prima, fazendo jus ao legado roseano.
O filme conta a história de Thiago, um garoto de dez anos que vive no Mutum, lugar isolado do sertão de Minas Gerais. Thiago é um menino diferente e é através dos seus olhos que enxergamos o mundo nebuloso dos adultos.
Por seu olhar vamos conhecendo cada personagem que compõe essa história, a mãe amorosa, o irmão e amigo Felipe, o tio conselheiro e o pai violento que considera a sensibilidade um luxo que ele mesmo não pode se permitir.
Nesse ambiente, Thiago, um menino cheio de sentimentos, precisa confrontar e descobrir o mundo ao mesmo tempo em que aprende a deixá-lo.
Uma película sublime que será exibida pelo projeto Cine Sesc, na próxima quarta-feira, dia 25 de abril, às 19 horas, nas dependências do SESC Januária.
Informações e reservas pelo telefone 3621-1089, ramal 205 com Rosinha.

quarta-feira, abril 04, 2012

Sessão Cinema – Os Incompreendidos


François Truffaut foi um dos fundadores do movimento cinematográfico francês conhecido como Nouvelle Vague que se caracterizava pelo mote contestatório que movia jovens diretores no desejo de transgredir as regras do cinema comercial.
Truffaut é considerado um dos maiores ícones da história do cinema do século XX tendo dirigido mais de 26 filmes.
Apenas essa descrição bastaria, mas a gente sempre quer saber tudo e por isso é importante dizer que o filme, Os Incompreendidos, foi indicado ao Oscar na categoria de melhor roteiro e sagrou-se vencedor no Festival de Cannes levando o prêmio de melhor direção.
Para aguçar ainda mais a curiosidade direi também que em seu primeiro longa-metragem Truffaut dirigiu um filme autobiográfico que conta a história de Antoine Doinel um garoto de 14 anos que se rebela contra o autoritarismo da escola e a rejeição dos pais, sendo o personagem considerado o alter-ego do diretor. Os Incompreendidos é o primeiro de uma série de cinco filmes que retrata as diferentes fases da vida do mesmo personagem.
Mas pensando bem não são esses atributos que fazem o filme ser maravilhoso, o mais importante, além dos prêmios e de todo reconhecimento, é o fato de Truffaut trazer a tela um jeito poético de contar as agruras da adolescência. É a sua habilidade de mostrar como “problemas” comuns podem ser amplificados a um ponto desmedido, como o tratamento reacionário pode interferir na vida de um jovem quase o levando a um caminho sem volta. E como o ato de se rebelar pode ser uma maneira de fugir de um destino que parece fatal.
É uma película ímpar onde o expectador é testemunha da genialidade de um diretor, um trabalho de sensibilidade capaz de transformar a atuação de um jovem ator numa dessas raridades que dá ao cinema o título de sétima arte.
Aproveito o ensejo para convidar os amigos a assistirem a próxima sessão do Cine Sesc no dia 11 de abril, as 19 horas, nas dependências do Sesc Januária. O filme exibido será Entre os Muros da Escola, dirigido por Laurent Cantet. Imperdível!